O pianista de Putin

"Conheci o pianista do Putin", disse-me um amigo que prefere manter o anonimato. Não por receio do presidente russo e sim porque é uma pessoa que leva a discrição a sério. Aliás, quando o disse não o fez para se arvorar em importante, simplesmente vinha a calhar para o tema da conversa que metia ao barulho a sanguínea pátria de Vladimir Vladimirovich.  

Há quem alegue que, com as redes sociais, já não faz sentido falar em sete graus de separação porque todos passámos a estar muito mais próximos uns dos outros. Tudo muito bonito mas, na verdade, se precisarmos de cravar alguma coisa a alguém importante ainda convém saber com quantas pessoas pelo meio vamos ter que falar para lá chegarmos. Assim, fiquei informado que para pedir a Putin que deixe a Ucrânia sossegada só precisaria de falar com o meu amigo, que falará por sua vez com o pianista e fará assim a carta chegar a Garcia. Ou a Garciaovitch. Vou pensar no assunto.  

Pouco depois de receber a informação acima, um outro amigo - mas que tem uma mulher ucraniana e não sabe que sou quase íntimo de Putin - transmitiu-me uma dúvida expressa por ela; por que é que dizemos "em Lisboa" e não "na Lisboa"? "Na Parede" está errado? Não, Liudmyla. Não está. Simplesmente, embora a regra devesse ser a de usarmos o pronome definido sempre acompanhando os topónimos com origem em substantivos concretos, temos muitas excepções e  mesmo nós, os nativos, nos enganamos muitas vezes.

"Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo", escreveu Wittgenstein. Ludwig foi salvo pelas palavras, podemos supor, ao contrário dos seus 3 irmãos que se suicidaram. Mas por vezes penso se o nosso mundo não se tem vindo a estreitar demasiado, cada vez mais limitado, à medida em que a expansão da linguagem demonstra a sua ameaçadora inutilidade.   



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