Ao que vamos, se o conseguirmos
Estamos todos a um curto passo de fritarmos a pipoca. Vivemos rodeados de malucos dizendo e fazendo disparates, não é possível que consigamos, durante muito mais tempo, preservar a nossa sanidade mental. Os neurónios desorganizam-se pululando de rede em rede, ao lermos as notícias a entropia dissemina-se. Revolta-se a razão, mas é já um estertor em desistência.
Carmo Afonso escreveu que baixa psicológica "é quando fazes de conta que estás de baixa, mas não tens baixa nenhuma". Mas o que sabe ela da vida? Quase 9 milhões de embalagens de antidepressivos vendidas em 2022, perto de 12 milhões em 2023. E em 2024, quantas terão sido?
“Se não se porta bem, Sr. Artaud, temos de voltar a dar-lhe eletrochoques”. Não sei porquê lembrei-me. Não vem nada a calhar.
A baixa psicológica - que na verdade se designa, com menos fofura, psiquiátrica - é um direito que assiste a todos. Segundo a Lei, até os bolseiros de investigação podem pedi-la. E, se assiste a todos incluindo os mais periclitantes dos nossos intelectuais, assiste também a Miguel Arruda, gozado por tantos e perseguido por muitos.
Só o tempo permitirá saber o que aqui se escreverá. Uma inteligência artificial chinesa abalou hoje o mundo, mas sobre isso que sei eu? Absolutamente nada.
Iremos indo por onde a irrealidade quotidiana nos levar. Ontem morreu um grande amigo. Amanhã vou à missa. Dizem que a depressão se chama Hermínia e, no entanto, há outro nome por detrás desse que o vento sopra. Paira um espectro sobre a Europa. Em Lisboa, é cada vez mais impossível encontrar papo secos.
Parece-me uma excelente reflexão para começar. Nos dias que correm, tem de se valorizar, cada vez mais, quem sofre de doença mental, sejam elas as menos "cotadas" e mais desvalorizadas pela sociedade - ansiedade, depressão - a todas as outras com nomes intimidantes.
ResponderEliminarObrigada por este novo local de escrita e reflexão. Força!