É preciso domar a preguiça das palavras

O Pedro Correia teve a simpatia de destacar este blogue no seu (e de muitos outros) 'Delito de Opinião'. Muitas pessoas vieram por isso aqui, em busca de algo que certamente não encontraram. Espaçado e errático pseudodiário, neste 'Baixa Psicológica' procuro ainda, tateando, um tom e um caminho. Na verdade, a intenção é encontrar - graças ao exercício regular - um certo estilo de escrita para outro trabalho que pretendo vir a realizar. Mas é um exercício preguiçoso. Jack London escrevia mil palavras por dia para não perder a mão. Eu limito-me a umas dezenas, dia sim dia não ou coisa que o valha. Também porque as palavras me faltam, ou a capacidade de escolhê-las, algo que não sucedia ao autor de 'Martin Eden'. 

Ontem foi domingo e rumei a Cascais para a exposição de Nicholas Nixon. Entre as mais de 200 fotografias, provocou-me em particular o contraste estabelecido pelos trabalhos expostos em duas paredes, colocando frente a frente as crianças da série 'Front Porches' e os adultos em fim de vida de 'People With Aids'. Esteticamente, deslumbrei-me com a técnica de Nixon. Emocionalmente, não pensei nas vítimas retratadas da doença, mas egoisticamente em mim; em como foi de certa forma milagroso que tenha sobrevivido aos anos 80 e à promiscuidade sexual vivida nesses anos em que acordei para a liberdade de ser adulto numa Lisboa cujas noites se transformavam em dias.

Regressando a London, nascido John Griffith, era ele da opinião que não podemos esperar pela inspiração, mas devemos sim persegui-la ameaçadoramente com um bastão. Vamos ver se me vale o taco de baseball que tenho algures. Pelo menos em consideração para com as visitas.   



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